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Caso Bruna: familiares tentam lidar com a dor da perda da jovem

20/02/2020 - 11h00min

Com tristeza a mãe Celeste observa os documentos e relembra as situações de negligências vividas por Bruna em seus últimos meses de vida

Estância Velha – Mais do que a dor causada pela perda precoce de uma pessoa querida, a família de Bruna Marcelo Bonifácio relata estar inconformada com o tratamento dado pelo Hospital Getúlio Vargas. Foi por isso que a mãe, as irmãs e a tia, Janete dos Santos Lopes, aceitaram falar com a reportagem e contar os últimos e dolorosos meses de vida da jovem cabeleireira.
De acordo com a irmã, Daiane, a família ainda avalia as medidas que vai tomar. “Nós ainda não sabemos o que vamos fazer, pois é uma perda ainda recente e que causa muita dor, mas aceitamos falar para evitar que outros casos como o de Bruna aconteçam em nosso município”, afirmou.

A tia de Bruna, Janete, que foi quem acompanhou a jovem no dia em que recebeu o temido diagnóstico, relatou as situações em que houve negligência. “Ela era tratada como alguém com distúrbios psiquiátricos, uma louca. Várias vezes as equipes do hospital perguntavam se ela era chorosa ou manhosa em casa, como era durante os atendimentos”, contou.

Além disso, no dia em que iniciou a última internação, quando também houve a descoberta do câncer, Janete ouviu que a paciente Bruna era “conhecida no hospital por queixas de dores, sem ter nenhuma doença”. Entretanto, após relato da tia de que havia sido feita uma ressonância magnética, a equipe médica conferiu o resultado do exame e foi surpreendida pela confirmação do câncer.

Após transferência ao Hospital Regina, a mãe Celeste conta que todos os esforços foram feitos, mas a situação já era grave demais. “Finalmente ela recebeu tratamento adequado, mas já não havia mais tempo. Se ela tivesse sido diagnosticada com antecedência, se houvesse investigação adequada quando persistiam os sintomas, talvez nada disso tivesse acontecido”, relatou, bastante emocionada.

Quem era Bruna Bonifácio

Bruna era morada de Estância Velha e trabalhava como cabeleireira, tendo atuado em diversos salões do município. Devido ao seu trabalho e a contagiante alegria, a jovem conquistou muitos amigos por onde passou. No momento de despedida, após sua morte precoce em 11 de fevereiro, mais de 300 pessoas passaram para dar o último adeus. Ela completou 29 anos estando internada no Hospital Regina. “Uma menina alegre, que amava o que fazia e que divertia todos ao seu redor. Com ela não tinha tristeza”, descreve a irmã Daiane.

Bruna havia realizado um dos seus maiores sonhos no último mês de outubro: a abertura de seu próprio salão de beleza. Com direito a uma animada inauguração, a jovem abriu seu espaço de estética, que recebeu o nome de Strass. “Ela batalhou muito para chegar onde chegou. O salão era um grande sonho, que ela conseguiu realizar após muito esforço e dedicação. Infelizmente ela teve muito pouco tempo para usufruir”, relatou a tia, Janete. Bruna Marcela Bonifácio deixou, ainda dois filhos, de 6 e 10 anos.

Reportagem: Guilherme Sperafico

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