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Brasil vai se habilitar para fornecer carne à China e substituir EUA, diz Fávaro

17/04/2025 - 14h46min

Atualizada em 17/04/2025 - 14h53min

Grupo de Trabalho da Agricultura do Brics se reúne no Itamaraty — Foto: Hélio Marinho/TV Globo

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, declarou nesta quinta-feira (17) que o Brasil está pronto para ocupar o espaço deixado por frigoríficos dos Estados Unidos no mercado chinês de carne bovina. A declaração foi feita durante encontro de ministros da Agricultura do Brics, realizado no Palácio do Itamaraty, em Brasília.

A iniciativa brasileira surge em resposta à recente decisão do governo chinês de suspender a habilitação de 395 plantas frigoríficas norte-americanas, em meio à intensificação da guerra tarifária entre Estados Unidos e China. Para Fávaro, a medida abre uma oportunidade para o Brasil ampliar sua presença no maior mercado consumidor de proteína do mundo.

“Há poucos dias, nas carnes bovinas, o governo chinês deixou de habilitar 395 plantas. Alguém vai precisar fornecer essa carne, que era fornecida pelos norte-americanos. O Brasil se apresenta, com muita vontade e capacidade, e tenho certeza que vamos saber ocupar esse espaço e ser um grande fornecedor”, afirmou o ministro.

Diálogo técnico e diplomático com a China

Segundo Fávaro, uma comitiva da alfândega chinesa deve se reunir com representantes do governo brasileiro na próxima terça-feira (22), com o objetivo de tratar da ampliação comercial e da adoção de protocolos conjuntos de sanidade e controle. As tratativas técnicas poderão servir de base para negociações políticas durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, agendada para maio.

“Por óbvio, queremos ampliação com a China. Acho que, diante da não reabilitação de quase 400 plantas nos EUA, eles vão precisar se decidir, e vamos nos apresentar”, disse o ministro.

Questionado sobre a capacidade do Brasil de substituir completamente os Estados Unidos nesse fornecimento, Fávaro ponderou que o país “não pode ter essa pretensão”. Ainda assim, destacou o potencial de expansão agrícola brasileiro.

“Sem sombra de dúvida, o Brasil é um dos pouquíssimos países do mundo com capacidade de expandir a área produtiva em dezenas de milhões de hectares. Certamente, gradativamente, o Brasil será a segurança alimentar. Não só para a China, mas para todos os países do mundo”, declarou.

Cooperação no âmbito do Brics

As declarações de Carlos Fávaro foram feitas à imprensa em um dos intervalos da reunião entre ministros do Brics, bloco que atualmente conta com 11 países-membros e que tem o Brasil na presidência rotativa em 2025. No encontro, os ministros discutem estratégias para fomentar a cooperação agropecuária, o desenvolvimento sustentável e a superação de barreiras comerciais e protecionistas.

Segundo o ministro, o avanço de medidas protecionistas — como o caso do “tarifaço” promovido pelos Estados Unidos — reforça a necessidade de fortalecimento da integração entre os países do Brics.

“Por óbvio, isso nos motiva ainda mais para o fortalecimento desse bloco geopolítico. A afronta neste momento, por parte do governo norte-americano, e um protecionismo sem precedentes certamente nos induz ao fortalecimento do bloco e buscar novas oportunidades”, afirmou Fávaro.

A declaração conjunta do encontro ministerial deve ser finalizada ainda nesta quinta-feira (17) e será apresentada na cúpula de líderes do Brics, marcada para julho, no Rio de Janeiro. O documento trará compromissos do grupo com o avanço da agropecuária, a segurança alimentar e ações de integração para os próximos quatro anos.

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