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Clarice Morschel, uma das ciclistas mais antigas de Dois Irmãos
Por Geison Machado Concencia
Dois Irmãos – Clarice e o Inacio Morschel há 38 anos são ciclistas na cidade. Os dois começaram numa época que não tinham muitos mecânicos especializados nesse meio de transporte. Durante esse período, sempre consertaram, montaram e venderam peças de bicicleta. A rotina de manutenção das bikes fez com que eles conhecessem diferentes gerações de ciclistas e modas de cada época, em termos de acessórios para o ciclismo.
Quando iniciaram as atividades, os modelos mais comuns eram Monark barra forte, circular e Caloi 10. “A gente tinha muitos clientes na cidade com esses modelos, eram os mais comuns,” lembrou Clarice. Ela e o irmão ainda guardam muitas peças desse período, algumas, inclusive, bem preservadas. Ela disse que as pessoas gostavam de comprar farol para colocar em barra forte, “era a moda daquele tempo,” comentou com risos.
Atualmente, eles vendem muitos acessórios, um deles é o capacete que, hoje, é comum entre os ciclistas. Mas há alguns anos, quem andasse com capacete era motivo de risos pela comunidade, por isso nem vendiam essa peça. “Não havia demanda de muitos equipamentos que a gente vende hoje,” relembrou Clarice aos risos.
TENDÊNCIAS DO PASSADO
Outro comportamento comum no século 20 em Dois Irmãos eram as pinturas, um dos principais pedidos que faziam aos ciclistas. Às vezes era para renovar a cor das bikes mais velhas, mas tinham aqueles que só queriam mudar por estética. Depois foram surgindo outras tendências, como por exemplo, tirar o banco e sentar na parte do suporte de carona.
TRANSPORTE DE TRABALHADORES
Os modelos barra circular e forte eram muito usados na cidade. Havia trabalhadores do calçado ou do setor da construção que as utilizavam como meio de transporte, mas o problema delas era o freio no pé, que constantemente devia ser trocado ou lubrificado, para não deixar seu condutor sem freio. Mas às vezes aconteciam episódios de quedas, principalmente, por que a cidade tem muitas lombas e alguns ciclistas não se preocupavam tanto com a manutenção de equipamentos.
MUDANÇAS DAS BICICLETAS
As bicicletas antigas, com apenas uma marcha e freio no pé, foram dando lugar para modelos mais avançadas, como as bikes aro 29. Porém, Clarice não encontrou dificuldades para se adaptar as tecnologias recentes, pois a única coisa que mudou foi a quantidade de marchas. Para os dois nunca faltou serviço na oficina. Durante 30 anos de carreira, ela falou que nunca tirou férias, tamanha a demanda de bicicletas de moradores de Dois Irmãos para consertar. “Sempre tínhamos muito serviço. Se não era arrumar, tinha que montar as bikes que vinham das lojas.”
A quantidade de bicicletas era tanta que a ciclista recorda da única vez que tirou alguns dias de folga. O motivo foi para visitar uma tia. “Mas não foram bem férias, pois durou apenas dois dias, depois já voltei ao serviço.”
A Clarice Morschel considera o sucesso de seu empreendimento aos cursos que fez durante os anos de trabalho. Clarice recebeu capacitação da própria Caloi, em Porto Alegre. “Sempre busquei aprimorar meus conhecimentos e entender tudo que precisava, para prestar um bom serviço para os clientes.” Ela acredita que esse foi um dos principais motivos para tantos anos de negócio.
A ciclista comentou que durante esses anos fez muitos amigos, pessoas que trouxeram uma bicicleta para arrumar e acabaram se tornando verdadeiros irmãos ou irmãs. Há clientes que visitam o estabelecimento só para uma conversa ou um chimarrão. O local se tornou um ponto de encontro entre conhecidos.
Ela recorda com emoção de ter arrumado bicicletas de diferentes gerações da mesma família. “Tenho clientes que trazem as bicicletas desde o tempo em que eu e meu irmão abrimos a oficina,” lembra Clarice.
A oficina dos irmãos Morschel também se especializou na manutenção de esteiras elétricas. A oportunidade surgiu depois que eles aprenderam sobre a parte mecânica do equipamento e viram a oportunidade de expandir o seu empreendimento. Para a surpresa deles, apareceram inúmeros clientes com esteiras para arrumar.
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