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O trabalho e a dedicação de Alseno Schneider e da sua esposa Nair em Santa Maria do Herval
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – Vindo de uma família de colonos, Alseno Schneider serviu no exército ao completar a maioridade. No quartel se destacou como marceneiro e, quando retornou para casa, decidiu fazer uso das habilidades adquiridas e dedicar-se ao ofício – junto à agricultura.
Logo o serviço dele chamou a atenção nos arredores e a procura pela qualidade do seu trabalho foi aumentando; assim fundou a empresa que leva seu nome, na localidade de Padre Eterno Baixo. Ele e a família trabalharam durante décadas e, hoje, os filhos e netos dão continuidade ao legado.
Aos 87 anos Alseno já está aposentado há mais de 20. Não trabalha mais com a madeira. Ele a esposa Nair, 83 anos, aproveitam para descansar e cuidar da saúde. Todos os dias acompanham – da janela de casa – a empresa erguida com muito suor seguindo a todo vapor através das gerações que vieram – hoje, com tecnologia avantajada.
A memória já não consegue mais recuperar as datas específicas de quando tudo começou, exatamente. Mas Alseno lembra que o início foi com muito esforço. “Eu trabalhava na roça e comecei a fazer arados, cangas de boi e carroças para os outros agricultores. Quando vi estava vindo cada vez mais serviço. É assim quando se trabalha”, lembra.
A marcenaria começou no porão da casa. “Trabalhei lá por longos anos. Até onde deu. Depois quando os filhos começaram tudo ficou maior, mudou tudo, as estruturas ficaram maiores e não tinha mais como ficar lá”.
A madeira vinha do mato mesmo. Depois, com o surgimento de mais clientes, Alseno começou a comprar nas serrarias do Teewald e, mais adiante, já com todas as leis mudando, teve que trazer madeira de fora. Para o trabalho, contava com uma Rural que comprou nova; a vendeu, mas ainda hoje ela circula pelo município.
Mais de 60 anos de
casamento e trabalho
Nair sempre esteve ao lado do marido. Já estão casados há mais de 60 anos e juntos criaram seis filhos: Elio, Cláudio, Silvério, Ademir, Luiz e Darci. Quando casaram Alseno já trabalhava com madeira. “Nos esforçamos muito, eu, a esposa e todos os filhos”.
Nair ajudava a trabalhar lixando e pintando a madeira, além de outras funções. O marido reconhece todo o esforço da companheira, dizendo que ela sempre estava lá junto dele. “Além disso ela trabalhava na roça também”. Nair conta que plantava de tudo um pouco para o sustento da família. “Era muito trabalho, quase não conseguíamos descansar”.
Mas, afinal, qual o segredo para um casamento tão duradouro e de parceria? Os dois são unânimes ao afirmar que a chave está em compreender um ao outro. “É preciso se entender. Mesmo se brigar as vezes, isso passa”, conta Nair.
Alseno completa dizendo que o “que aconteceu hoje, não pode ser lembrado amanhã. Se ficar remoendo tudo, não dá certo”.
Filhos e netos seguem mantendo o legado
Trabalho manual
Se hoje os filhos e netos dispõem da tecnologia que auxilia em tudo, no começo o trabalho todo era manual. “Não era fácil. Tudo era cortado à mão, tínhamos um serrote. Depois compramos um motor, que ainda está lá nos fundos de casa”, conta Alseno.
Assim, pouco a pouco, foram ampliando e sempre inovando. “Compramos várias máquinas. Até hoje os filhos precisam continuar adquirindo coisas novas, sempre são muitas novidades”, afirma.
Mesmo com a tecnologia que, de certa forma torna o trabalho mais fácil, Alseno considera que hoje em dia é mais dificultoso trabalhar neste meio diante da burocracia. “E tem o preço da madeira, que está cada vez maior”, pontua.
Durante muitos anos Alseno também trabalhou como vidraceiro. Inclusive, depois de parar com as esquadrias. Há pouco tempo, com o avançar da idade, optou por parar. Mas, no Herval, são centenas de casas que tiveram a parte da vidraçaria feita por ele.
Atendendo toda a região
Os filhos assumiram a empresa em 1997, já no novo prédio, onde permanecem até hoje. Também trabalham dois netos e funcionários. Com a qualidade reconhecida e consolidada na região, a Indústria de Esquadrias Alseno atende a Serra Gaúcha, Vale dos Sinos e parte do Litoral.