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Uma vida inteira dedicada a ajudar os outros em momentos delicados no Herval e região

13/05/2022 - 12h03min

Atualizada em 13/05/2022 - 12h13min

Noeli Haack Henrich, 59 anos, se dedica a ajudar os outros desde a infância (FOTO: Cleiton Zimer)

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – Ela já ajudou muitas pessoas. As suas mãos, para quem precisou, são consideradas de fada. Não importa se é dia, noite, madrugada, semana, domingos ou feriados, dona Noeli Haack Henrich, 59 anos, está sempre disposta a ajudar. Se necessário for, inclusive, chega a ir até quem necessita.

Quem vem até ela sabe que está em boas mãos, literalmente. Além de todo o preparo técnico em traumatologia, a bondade e o sorriso para com quem à procura faz com que os pacientes se sintam acolhidos diante do momento de dor e desconforto causado por alguma lesão.

Noeli é uma referência no atendimento em traumas na região (Créd. Cleiton Zimer – arquivo)

Noeli nasceu em Boa Vista do Herval, onde permanece até hoje com seu filho, nora e netos. Vinda de uma família de agricultores, aprendeu o ofício do seu pai Wendelino que sempre contava as histórias do avô Frederico Thealmo Haack, que veio da Alemanha.

Thealmo era militar, trabalhava como médico, massagista e até como veterinário atendia quando chamado. Morava na Linha Tapera, em Gramado, e era uma referência para a comunidade. Wendelino seguiu seus passos atendendo também em Novo Hamburgo e, Noeli, desde criança, viu o pai cuidando das pessoas. “Aos nove/dez anos, já ajudava meu pai. Segurava os pacientes, trazia as ataduras. Fui me interessando em trabalhar nisso”, conta.

E assim foi. Aos 14 anos também começou a atender. “Primeiro fazia massagens, quando as pessoas tinham dor. Depois fui percebendo que eu poderia fazer o trabalho do meu pai também. Aos poucos, observando ele, fui ganhando experiência”.

Foram longos anos de trabalho e aprendizado ao mesmo tempo. Fez cursos e, cada vez mais, foi se aperfeiçoando. Seu atendimento tornou-se numa referência para toda a região, recebendo pacientes quase que diariamente até hoje.


Tudo é oportunidade de aprendizado


Dentre as lembranças da época de criança, conta que certa vez seu pai atendeu um senhor vítima de acidente de carro e, de tão grave que o impacto foi, fraturou um dos braços. “O pior é que o relógio parou dentro do braço”, recorda.

Para a maioria, uma cena assustadora mas, para Noeli, um grande aprendizado. Ela viu Wendelino fazendo todo o procedimento; acompanhou o cuidado e a delicadeza para ajudar aquela pessoa, tirar-lhe a dor e garantir que tivesse uma vida normal.

E são esses detalhes, as atitudes singelas, como conversar, interagir e brincar com os pacientes – até com algumas piadas para distrair, que continua levando para o seu trabalho; dando, assim, seguimento ao legado da família. “Tenho orgulho do que aprendi com meu pai. Ele era grande homem, uma pessoa que fica na lembrança para sempre”.


De geração em geração: Thealmo, Wendelino, Noeli e Vanderlei

 

Vanderlei segue os passos da mãe

Noeli e o filho Vanderlei (Créd. Cleiton Zimer)


Aos 59 anos Noeli se reveza entre os atendimentos, ser mãe, avó, agricultura e amiga para todas as horas. Sim, faz de tudo um pouco e ainda sobra disposição. Atende na sala ao lado do seu filho José Vanderlei Henrich, 33 anos, que seguiu seu ofício e é formado em massoterapia.

Vanderlei fala com orgulho dela, também do avô e bisavô. “Tem alguns que chegam até mim e lembram dos atendimentos que tiveram com meu avô e com a mãe. As vezes sou o terceiro da geração a atender certos pacientes. Outros também lembram e falam do meu bisavô, o Thealmo”.

Vanderlei diz que optou por se dedicar a massoterapia por gostar. “Não é exatamente um dom. Meu avô sempre dizia que qualquer trabalho, quando feito com dedicação máxima, se destaca. O dom é um resultado de interesse em fazer algo”.

As vezes, quando há alguma situação mais complexa, Vanderlei e a mãe trabalham juntos.

Motivação está em poder ajudar

Questionada se pensa, em algum momento, em se aposentar do ofício, logo responde que não. “Eu gosto do que faço. Eu fico feliz quando posso ajudar, e isso sempre me dá mais vontade e motivação”, afirma Noeli.

Conta que, certa feita, atendeu uma criança de quatro anos. “Ele tinha quebrado o braço. Foi o mais difícil que já fiz, pois nesta idade é complicado. De noite, não consegui dormir pensando no menino; liguei para os pais e me falaram que ele estava bem, dormindo tranquilamente. Só assim fiquei bem”, lembra.

Mas Noeli destaca que todo o trabalho sempre é feito com equilíbrio. “As vezes acontece de um paciente vir e não termos o que fazer. Logo aconselhamos para buscar algum hospital”.

Uma saudade refletida em gratidão

Noeli também lida com o gado na propriedade da família em Boa Vista do Herval (Créd. Cleiton Zimer)

Tanto carinho para com os pacientes é reflexo de uma vida baseada em bons sentimentos. Da infância, só traz boas lembranças dos seis irmãos e dos pais. Depois, foram 38 anos de muito amor com seu marido, Mário Henrich, com o qual casou aos 16. “Sempre juntos, unidos, felizes. Ele me ajudava quando as pessoas vinham. O Mário era uma grande pessoa. Faleceu aos 66 anos, faz dois anos que morreu. Deixou muita saudade, sempre estava feliz, sempre junto da gente. Ele sempre dizia para eu não parar, continuar. Quando estava doente, ele dizia para continuar enquanto eu pudesse, para não deixar as pessoas na mão, sofrendo”.

E foi assim que fez. Até hoje, segue cumprindo a promessa que fez ao seu marido. Além de atender os pacientes, ajuda a nora Jéssica a cuidar dos netinhos Aylon e Loiara. “Também ajudo a tratar os animais, faço pasto. Volta e meia fazemos um churrasquinho”, conta, sorrindo.

Grata e envolta de pessoas que a amam e admiram, Noeli conta que é feliz pelos rumos que tomou na sua vida. “Se pudesse faria de novo, as mesmas escolhas”.

 

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