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Promotor Wilson Grezzana está há 27 anos no Ministério Público de Dois Irmãos

09/09/2022 - 13h59min

Wilson Grezzana é promotor há quase 30 anos na Comarca de Dois Irmãos (FOTO: Cleiton Zimer)

Por Cleiton Zimer

Dois Irmãos – Natural de Farroupilha – e cidadão honorário de Dois Irmãos –, o promotor Wilson Luis Grezzana, 55 anos, atua no Ministério Público da Comarca desde 1995, atendendo, também, Morro Reuter e Santa Maria do Herval.

Filho de Tomaz de Jesus Maria Grezzana, advogado, e de Marlize Helena Tartarotti Grezzana, professora e comerciante, Wilson graduou-se em Direito pela Universidade de Caxias do Sul em 1989. Atuou como estagiário e advogou por um período na área. Com o tempo começou a se interessar pela carreira no MP, iniciando sua preparação através de pós-graduação na Escola Superior de Magistratura em Porto Alegre em 1990.

Foi aprovado no concurso para o Ministério Público do RS no final de 1991 e, em fevereiro de 1992, assumiu a Promotoria de Osório onde ficou por dois anos. Após, atuou um ano e meio em Sapiranga e, a convite da então promotora Roseli Luchesi, veio para Dois Irmãos em 1995, onde se estabeleceu permanecendo até hoje numa trajetória de 27 anos.

O próprio Grezzana comenta que isso é raro de acontecer. Geralmente, os promotores começam nas instâncias iniciais – em comarcas menores –, e depois vão para as intermediárias e grandes. Mas, diferente da maioria, Grezzana nunca se inscreveu para uma promoção [nem por merecimento, nem por quesito de antiguidade]. A sua escolha é ficar aqui – o que lhe é garantido pela inamovibilidade. Também substitui colegas em outras promotorias, como Ivoti, Estância Velha e Portão.

UMA ESCOLHA DE VIDA

Questionado sobre o que lhe faz gostar tanto da Comarca, cita, em primeiro lugar, a receptividade. “Fiz muitos amigos aqui. Tenho um respeito muito grande pela cidade, pelas pessoas”. Grezzana mora em Novo Hamburgo com a esposa, que também atua na área da Justiça, e o filho.

Além disso, há mais de 20 anos, integra o Clube Vila Rosa; atualmente faz parte da equipe dos Cinquentões com encontros semanais. “É um clube onde fiz muitos amigos”. Lembra que também disputou muitos jogos no campo de Santa Maria do Herval, além de campeonatos com os Ministérios Públicos de todo o Brasil, sempre atuando no meio-campo.

Grezzana (nº19) com o time do Vila Rosa no início dos anos 2000 (FOTO: arquivo pessoal)

DE 500 PARA 14 MIL PROCESSOS

Grezzana lembra que quando chegou, em 1995, a Comarca de Dois Irmãos tinha aproximadamente 500 processos e, hoje, são cerca de 14 mil. “Como eram poucos conhecíamos os casos pelos números. Hoje, seria algo impossível”.

Naquela época a Promotoria ficava na Av. 25 de Julho, ao lado do antigo Banco do Brasil, numa casa. Muitos dos servidores eram cedidos pela Prefeitura, sendo poucos do Estado.

O promotor recorda dos casos mais comuns da década de 90: haviam furtos, lesões corporais, acidentes de trânsito. “Com o tempo começaram também a ter muitos assaltos, gradativamente. E hoje vemos muitos problemas envolvendo tráfico de drogas e crimes de violência doméstica”.

Houve uma época, também, em que crimes de menor potencial ofensivo só paravam no MP caso a parte manifestasse interesse. Hoje, ao contrário, qualquer registro vai para a Promotoria, nem que seja só para arquivamento. “Não quer dizer que todas dão processo, mas acabam vindo e faz volume”.

Grezzana durante Júri Popular em agosto de 2022 (FOTO: Cleiton Zimer)

TRADUTOR PARA QUEM FALAVA EM ALEMÃO

Era muito recorrente, na época, que moradores de Santa Maria do Herval e Morro Reuter só soubessem se expressar em alemão. Para tanto, a Promotoria e o próprio Judiciário precisavam de um tradutor. “Não conseguíamos compreender. Então uma funcionária do cartório eleitoral, hoje falecida, a Zuleica Staudt, nos servia como tradutora nas audiências, para que a gente entendesse o que as pessoas diziam. Hoje isso dificilmente acontece”.

Da mesma forma, era comum as pessoas não conseguirem assinar os próprios nomes pois nem todos tinham a possibilidade de alfabetização. Usavam as digitais.

Grezzana avalia que as caracteríticas sociais mudaram muito desde que veio. “Era comum as pessoas dizerem que nunca entraram num Fórum, numa delegacia. Falavam isso com orgulho, que não estavam envolvidos com problemas. Hoje, dificilmente se diz isso. Todo mundo de alguma maneira ou de outra já esteve, ou se queixando de algo, ou alguém se queixou dele, ou algum outro envolvimento”.

O promotor também fala das condições de trabalho. Quando começou ele mesmo comprou seus equipamentos, como computadores. Tinha direito a somente um estagiário. Depois, quando o Fórum passou para a Av. Irineu Becker o MP permaneceu na Av. 25 de Julho e, todas as vezes que tinha audiência, era necessário um deslocamento de carro. Hoje, ambos estão lado a lado no bairro Floresta.

O Ministério Público fica ao lado do Fórum no Bairro Floresta (FOTO: Cleiton Zimer)

MUDANÇAS DA PANDEMIA

Com a pandemia uma nova realidade surgiu, princialmente, com as audiências virtuais. O promotor avalia que elas trouxeram vantagens e desvantagens. “Me permite, por exemplo, fazer audiências em outras cidades com pequeno intervalo de tempo. Por outro lado, o presencial é importante para a percepção das expressões, o olho no olho”.

As restrições sanitárias levaram a um atraso muito grande nas audiências. O promotor cita a própria mudança para o sistema virtual, em que muitas pessoas tinha, dificuldade para se conectar. “O número de audiências diminuiu muito neste período; ficou um estoque para realizar”. Desta forma muitos casos prescreveram, como exemplo ameaças, posse de drogas e crimes de trânsito.

Questionao sobre o Programa Mediar da Polícia Civil, Grezzana o avalia como importante. “Essa audiência na Delegacia iria acontecer em juizo. E a pauta na Justiça é muito mais difícil; uma coisa que pode ser feita logo na Delegacia, pode demorar meses no Judiciário”.

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