A DOENÇA PERIODONTAL PODE CAUSAR ALZHEIMER?

Por Nestor Soso, responsável técnico – Soso Odontologia 

A doença periodontal é uma inflamação crônica das gengivas e estruturas de suporte dos dentes.

Sua incidência, vem a algum tempo sendo associada a doenças cardiovasculares, como aterosclerose, infarto e acidente vascular cerebral (AVC) e a doenças de declínio cognitivo como demência e Alzheimer. Embora a relação ainda esteja sendo investigada e a ligação não esteja totalmente compreendida, estudos científicos apontam para alguns mecanismos que podem explicar essa ligação:

– A doença periodontal causa inflamação crônica nas gengivas, liberando mediadores inflamatórios na corrente sanguínea. Esses mediadores podem contribuir para a inflamação sistêmica, afetando outros órgãos e sistemas, incluindo o sistema cardiovascular e o cérebro, acelerando a neurodegeneração.

– Bactérias presentes na placa bacteriana e nas bolsas periodontais podem entrar na corrente sanguínea, causando bacteremia. Podem se fixar nas paredes das artérias, contribuindo para a formação de placas e aumentando o risco de eventos cardiovasculares. E também liberar toxinas que danificam as células cerebrais e contribuem para a formação de placas amiloides, uma característica da doença de Alzheimer. Algumas bactérias periodontais, como a Porphyromonas gingivalis, têm sido associadas a um maior risco de doenças cardiovasculares e foram encontradas no cérebro de pacientes com Alzheimer.

– Alguns fatores de risco para doença periodontal, como tabagismo, diabetes e má higiene bucal, também são fatores de risco para doenças cardiovasculares e Alzheimer. A presença desses fatores de risco compartilhados pode aumentar a probabilidade de ambas as condições ocorrerem simultaneamente. A má higiene bucal, que pode levar a doença periodontal, se torna mais comum conforme o Alzheimer progride, causando um ciclo vicioso.

A prevenção das doenças periodontais com uma higiene bucal adequada, incluindo escovação regular, uso de fio dental e visitas ao dentista, é importante para a saúde geral e potencialmente para a prevenção do Alzheimer e redução do risco de doenças cardiovasculares. Além disso, cada vez mais a abordagem conjunta entre médicos e dentistas e um monitoramento e tratamento de doenças periodontais em pacientes com mais de 50 anos pode orientar intervenções mais precisas.