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Mãe e filha de Ivoti se unem na produção de doces do tempo da vovó
Ivoti – A tradição de fazer tortas e doces atravessa várias gerações com sabor da colônia e o jeito típico das vovós. O resultado dessa atividade é uma agroindústria familiar, que está em fase de regularização e é comandada por duas mulheres: Iva Sander, 69, e a filha Daiana, 34.
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Iva é filha de Otto Felipe e Elvira Olinda Laux, que residiam na Vila Rica e depois foram morar no Centro da localidade de Arroio Veado, hoje Presidente Lucena. A família plantava milho, feijão, arroz, batata, entre outros produtos. Em 1980 Iva casou com Élio Elton Sander, com quem teve a filha Daiana. O esposo faleceu em 2001.
Quando casou, dona Iva foi morar na propriedade da família do marido, onde tem uma casa do tempo da imigração alemã. Dessa construção antiga surgiu o nome do empreendimento: Casa do Tempo – que já resiste há seis gerações de descendentes. Essa casa guarda muitas histórias, pois pertenceu a Carl von Mühlen, pastor e construtor de igrejas.
O esposo era construtor e nos finais de semana trabalhava na roça. Nesse período a família plantava milho, feijão e aipim. Atualmente, a propriedade de 20 hectares é arrendada para terceiros.
SURGIMENTO DA AGROINDÚSTRIA
Em 1984 Iva começou a produção de tortas, cucas e bolachas. Atualmente a produção gira também em torno de geleias, doces em compotas, sal temperado e casquinha de laranja doce (serve para aperitivo e também colocar no chimarrão).
São produzidos ainda brigadeiros e trufas, sendo que no inverno a produção é reforçada com capeletti e massas caseiras. A partir dessa produção diversificada surgiu o interesse em gerar renda com o bom resultado obtido. Daiana reforça o apoio recebido da Emater para que ocorra legalização do empreendimento.
As frutas do pequeno pomar da propriedade são utilizadas nos doces em geral. O que não é colhido na propriedade é adquirido junto aos vizinhos.
“Na maioria das agroindústrias rurais no Estado é as mulheres que tocam os negócios. Até pelos cursos que a gente faz é possível ver que as mulheres predominam”, observa Daiana.
FOCO NAS FEIRAS
A venda dos produtos é feita nos grandes eventos como a Feira do Mel e Feira das Flores, no Núcleo de Casas Enxaimel. Mais recentemente a família vai retornar à Feira do Produtor, que atualmente acontece na rua 1º de Maio, Centro, e onde o falecido esposo de Dona Iva já participava, quando era realizada no Ginásio Municipal.
SAL TEMPERADO
Na horta familiar é plantado manjericão, alecrim, cebolinha e salsinha. Com esses produtos é feito o sal temperado, que é uma opção a mais para oferecer aos clientes.
EXPERIÊNCIA PRÁTICA NA ALEMANHA
Daiana formou-se em técnica Agrícola na Escola Bom Pastor, de Nova Petrópolis. Em 2010/11, Daiana fez um estágio em uma agroindústria da Alemanha, onde adquiriu uma boa experiência no setor relacionada à produção agrícola. A empresa trabalhava com ovos e embutidos, e a ivotiense ainda teve uma experiência em vendas nas feiras.
A produtora ainda cursou Engenharia de Produção na Feevale, onde formou-se em 2016. Ela e a mãe já fizeram cursos de massas, capeletti, geleia e Turismo Rural (Sebrae) com apoio da Emater e do Sicredi. “É muito importante esse apoio, pois agregaram maior conhecimento.
O CONTRÁRIO DO ÊXODO RURAL
Daiana comenta que atualmente está acontecendo na região justamente o contrário do êxodo rural, pois as pessoas estão de volta para o campo. As pessoas estão buscando os orgânicos e a origem dos produtos que estão comendo.
Na Alemanha já se tem esse conceito de que as áreas rurais e urbanas estão bem próximas uma da outra. Hoje, mais pessoas querem comprar direto do produtor.
“Antigamente, o cara da cidade era o moderno e o do campo era o colono. Hoje, está acontecendo cada vez mais uma aproximação e uma busca do pessoal da cidade pelo rural. Nas feiras a gente consegue ver isso muito próximo”, comenta a empreendedora.