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Produtores rurais bloqueiam rodovias no RS para cobrar medidas sobre dívidas no campo
Agricultores gaúchos intensificaram nesta sexta-feira (30) as manifestações por medidas governamentais que permitam a securitização das dívidas no campo. Os protestos ocorrem em diversas regiões do Rio Grande do Sul, com bloqueios em rodovias e trevos estratégicos feitos por máquinas agrícolas, com apoio de comerciantes e acompanhamento das autoridades.
No Vale do Taquari, os bloqueios são registrados na ERS-129, em Encantado, e na ERS-332, em Ilópolis. Em Venâncio Aires, as manifestações ocorrem na RSC-287. Já na região das Missões, os trevos de acesso a Entre-Ijuís, São Borja, Cruz Alta e, possivelmente, Guarani das Missões foram bloqueados a partir das 9h. Os atos são organizados de forma descentralizada, por meio de grupos de WhatsApp, sem liderança formal.
Os bloqueios seguem o formato “pare e siga”, com interrupções temporárias que evitam o colapso do tráfego. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanha os protestos nas estradas federais para garantir a segurança.
As mobilizações têm como objetivo pressionar o governo a adotar a securitização das dívidas agrícolas — um mecanismo financeiro que transforma créditos, como contas a receber, em títulos negociáveis no mercado, facilitando a renegociação em condições mais favoráveis. O endividamento dos produtores, segundo a Farsul, já ultrapassa R$ 72 bilhões, resultado de quatro estiagens e duas enchentes, além da queda nos preços dos produtos e aumento dos custos de produção.
Desde fevereiro, entidades e grupos de agricultores vêm pedindo providências do governo federal. Sem respostas efetivas, os protestos se ampliaram. “O setor está sufocado. Sem apoio real e medidas concretas, muitos produtores podem não conseguir seguir na atividade”, afirmou um dos organizadores em Entre-Ijuís.
Em Rosário do Sul, mais de 170 estabelecimentos comerciais fecharam as portas nesta sexta-feira como forma de demonstrar apoio aos agricultores. A expectativa dos organizadores é de que novos bloqueios sejam organizados caso as negociações não avancem.
O peso do agronegócio na economia brasileira
Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o agronegócio deve representar cerca de 22% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024. Embora inferior ao índice de 2023, a participação continua expressiva. A cadeia do setor envolve desde a produção primária até a agroindústria e os serviços, sendo responsável por milhões de empregos diretos e indiretos, além de liderar as exportações nacionais, com destaque para soja, carne e café.
Os manifestantes esperam que a mobilização desta sexta-feira chame a atenção do governo federal e da população para a urgência de políticas públicas estruturadas, capazes de garantir sustentabilidade financeira ao campo e segurança alimentar ao país.