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Ruben Kirschner: um homem que deixou sua marca em Picada Café
Picada Café – Ruben Kirschner nasceu e cresceu em Picada Café antes mesmo do município receber este nome. E foi aqui que viveu toda a sua vida, até seu falecimento em 2005. Uma vida inteira dedicada ao trabalho comunitário e ao desenvolvimento de uma comunidade que antes fazia parte de Nova Petrópolis. Ruben Kirschner deixou um legado que faz com que seu nome ainda faça parte de Picada Café e que fará dele um homem lembrado por muitas gerações.
Quem passa pelo município, pode ver os frutos do desenvolvimento que Ruben executou o pontapé inicial. Deu nome a uma Unidade Básica de Saúde, ao Prêmio Destaque “Ruben Kirschner”, e teve sua história transformada em livro, “Entre as Montanhas – O Sonho de Ruben Kirshner”. A obra foi escrita em 2004, a tempo de ser entregue ao seu personagem principal. No lançamento, todos os presentes receberam uma cópia do exemplar.
Para falar um pouco deste nome histórico de Picada Café, O Diário conversou com Margarida Arend Teixeira, companheira de Ruben por 14 anos, até sua morte, e o filho dela, Leandro. As memórias sobre eles são contadas com entusiasmo, apesar da saudade. “Ele teve uma vida pública intensa, foi vereador por vários anos em Nova Petrópolis, antes de Picada Café se emancipar, vice-prefeito também. E quando Picada se emancipou, ele foi candidato único, ninguém mais quis concorrer”, conta Leandro.
Antes de entrar para a política, Ruben já era empresário. Foi ele um dos fundadores da Calçados Rubelo, que hoje é conhecida nacionalmente como Dakota Calçados. Mas foi antes mesmo deste período que ele foi protagonizou um episódio que, segundo seus familiares, descreve bem sua índole e caráter de querer sempre ajudar. “Ele comprou um alimentador automático para os frangos, para dar menos trabalho. E quando chegou, ele teve a informação de que a criação não era mais um bom negócio. Todo esse maquinário está guardado até hoje. Alguns quiseram comprar dele, mas ele não vendeu porque não queria que alguém investisse em algo que daria prejuízo”.
Como político
Foi eleito vice-prefeito de Nova Petrópolis, ao lado de Ewaldo Michaelsen, em 1978. Seu mandato durou até 1983. Depois, emendou dois mandados na Câmara de Vereadores, até 1992. Neste período, Picada Café ainda não era emancipada, mas era a ela que dedicava seu trabalho. Veio, então, a emancipação em 1992. Na época, apenas uma chapa quis concorrer à prefeitura, e ele foi o escolhido para liderá-la, sendo eleito o primeiro prefeito da história de Picada Café, entre os anos de 1993 e 1996.
Em um município politicamente novo, era necessário toda uma nova estrutura de trabalho, inclusive a base do governo: a prefeitura. Ruben Kirschner cedeu a própria casa para que fosse a sede do Administrativo. Ele não morava mais nela, é verdade, mas não diminui o grande gesto de alguém que queria construir um novo mundo.
Nos domingos ele já começava a trabalhar. Percorria de carro as estradas do interior para ver por onde o trabalho deveria começar na segunda-feira. Tinha muita preocupação na geração de empregos e fazia esforço para que as pessoas continuassem em Picada Café ao invés de buscarem oportunidades em outras cidades.
Em 1997, Luiz Irineu Schenkel, o Lui, venceu as eleições e assumiu a prefeitura, e desde então ele não esteve mais em cargos públicos.
Envolvimento comunitário
Fora da política, Ruben permanecia muito inteirado com a comunidade. Ele adorava as festas e ia a todos os cantos. “Se tinha uma festa, o Ruben estava lá. E se não encontrava ele, bastava ir procurar junto ao churrasqueiro e aos músicos. Era onde ele ficava”, conta Margarida. E foi justamente a partir desta vida pública e o divertimento em festas que os dois se conheceram.
Mas antes disso, Ruben foi casado com Dona Marta. Ele era evangélico, ela era católica, e as diferenças eram motivos de união. Quem ganhava eram as duas comunidades, evangélicas e católicas, que recebiam o apoio financeiro em eventos organizados pelo casal.
Ruben era financeiramente bem resolvido e, por isso, gostava de pagar festas, bebidas e bandas para tocar. Tudo para manter a alegria. Ganhou até um instrumento, chamado “rapapau”, para que tocasse com as bandinhas típicas. Era comum vê-lo com suas sandálias de pau, que certa vez até gerou um tombo em uma ponte que ele visitou enquanto as usava. Nada preocupante, apenas um fato a ser lembrado com bom humor por Margarida e Leandro.
Hoje em dia
Viver nos dias atuais, certamente seria muito difícil para Ruben devido à pandemia. Segundo Margarida, ele não gostava de ficar em casa, mas sim em contato com pessoas e rodas de conversa. “As vezes eu estava me arrumando e ele perguntava ‘vai sair?’, eu dizia que sim e ele se arrumava para sair também, não gostava de ficar sozinho”, relembra.
Certamente, ele encontraria um município muito diferente do que deixou, há quase 16 anos. Mas ainda veria os frutos de seu legado e o resultado de uma vida inteira dedicada à Picada Café.