Arcebispo Dom Dadeu comemora 60 anos de vida sacerdotal na Linha Imperial

Dadeu Grings nasceu na localidade de Linha Imperial, quando a região que hoje é Nova Petrópolis pertencia a São José do Caí (antigamente, apenas Caí), mas consagrou-se mesmo como religioso no Vaticano, em São Paulo e na capital gaúcha

GIAN WAGNER

Nova Petrópolis – A comunidade católica da Linha Imperial esteve em festa no último final de semana. O arcebispo-emérito de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, 85 anos, comemorou seus 60 anos como sacerdote da Igreja. A celebração ocorreu no sábado, dia 22, na Igreja São Lourenço Mártir, na Linha Imperial, localidade que Dom Dadeus nasceu em 1932, quando o território de Nova Petrópolis ainda pertencia a Caí (hoje São Sebastião do Caí). Foi nesta mesma localidade que o jovem Dadeus deu seus primeiros passos na vida sacerdotal, começando seus estudos cursando o primário na escola paroquial São Lourenço.

A missa de ação de graças foi marcada pela presença do pároco, padre Delcio Miguel Reiter, padre Jeferson Schaefer Furtado e padre Francisco Büttenbender. “A comunidade parabeniza e louva a Deus pela vida de Dom Dadeus!”, escreveu a paróquia em seu perfil no Facebook.

FORMADO EM ROMA – Dadeus nasceu no mesmo dia da Independência do Brasil e é filho de José Grings e Maria Margarida Büttenbender Grins. Quando criança, estudou na Linha Imperial e com 17 anos ingressou no Seminário Menor São José de Gravataí. Com 23 anos foi para Roma, na Itália, onde se formou em Filosofia (1958), Teologia (1962) e Direito Canônico (1964), todos pela Universidade Gregoriana.

Foi ordenado sacerdote em 1961, já em Roma, pelo Cardeal Antonio Samorè. De volta ao Brasil, trabalhou na Paróquia São Geraldo, em Porto Alegre, até 1966, quando foi nomeado professor de filosofia e teologia no Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, em Viamão. Em 1970 foi nomeado pároco da recém-criada Paróquia São João Vianney, na mesma cidade. Ali construiu quatro igrejas. Sempre envolvido e com muitas atividades, Dom Dadeus chegou a acumular os cargos de professor e pároco, além de assistente de um grupo de seminaristas e reitor do Seminário em Viamão.

TRABALHOU COM JOÃO PAULO II – No início da década de 80, a pedido do Vaticano e por indicação do Cardeal Vicente Scherer, trabalhou na Secretaria de Estado do Vaticano, junto ao Papa João Paulo II. Em 1986 voltou para a Arquidiocese de Porto Alegre, sendo nomeado novamente pároco em Viamão, professor na Faculdade de Filosofia e no Instituto de Teologia e Juiz do Tribunal Eclesiástico de Porto Alegre.

30 anos depois de tornar-se padre, foi nomeado por João Paulo II como terceiro Bispo de São João da Boa Vista, no interior de São Paulo. Dom Dadeu recebeu o título de cidadão Sanjoanense, pelo reconhecimento dos serviços prestados ao povo e ao município. Pelo mesmo motivo, recebeu o título de cidadão em Casa Branca, Mogi Guaçu, Tapiratiba, Vargem Grande do Sul, Caconde, Santa Cruz das Palmeiras e Aguaí. No Rio Grande do Sul, em 2004, recebeu a medalha do Mérito Farroupilha.

Celebração da Missa de Ação de Graças ocorreu no sábado na paróquia local (Créditos: Paróquia São Lourenço Mártir/Divulgação)

Arcebispo de Porto Alegre
Antes da aposentadoria, Dom Dadeu foi nomeado arcebispo coadjutor da Arquidiocese de Porto Alegre em abril de 2000. Ficou menos de um ano no cargo e, com a renúncia do então arcebispo da capital gaúcha, foi nomeado Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre. Grings ficou no cargo por 12 anos quando, em setembro de 2013, o Papa Francisco aceitou o pedido de renúncia por limite de idade (75 anos). Logo após deixar a Cúria, foi viver na Cidade Baixa, em Porto Alegre.

“quando começa [a dizer] que eles têm direitos, direitos de se manifestar publicamente, daqui a pouco vão achar os direitos dos pedófilos”

 

Dono de frases fortes
Na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 4 de maio de 2010, Grings afirmou durante a assembleia-geral que “a sociedade é pedófila”. Ele também condenou o homossexualismo, dizendo que “quando começa [a dizer] que eles têm direitos, direitos de se manifestar publicamente, daqui a pouco vão achar os direitos dos pedófilos”. A CNBB, no dia seguinte ao ocorrido, divulgou um comunicado negando que as opiniões do arcebispo reflitam a posição da Igreja e também sugeriu que as declarações foram “mal interpretadas”.

Tadeu, de batismo
Dom Dadeu foi batizado com o nome de Tadeu Grings. Porém, somente aos 18 anos, quando precisou providenciar o passaporte para estudar em Roma, descobriu que em sua certidão de nascimento estava registrado como Dadeus Grings. Por entender que sua missão era levar a mensagem de Deus aos homens, decidiu não fazer a correção. A confusão pode ter ocorrido pela forte influência do dialeto alemão no município, principalmente na década de 30, e que persiste até os dias de hoje.