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Baixo preço da goiaba desanima produtores do Vale do Caí
Nova Petrópolis – Alguns produtores do Vale do Caí estão insatisfeitos com o baixo preço pago pela Cooperativa Piá pela goiaba na safra deste ano. Enquanto a goiaba baixou de R$ 0,85 o Kg para R$ 0,55, o figo também não anima os produtores, pois baixou o valor de R$ 1,60 para R$ 1,42 o Kg. O desânimo é tanto que alguns produtores estão pensando em parar de produzir goiaba e até cortar os pés da fruta.
Para não ter uma grande perda, os produtores tiveram que procurar compradores em municípios do Vale do Caí e Encosta da Serra, para colocar parte da produção em fabricantes de schmiers e agroindústrias que fazem, compotas das frutas e doces.
A Piá responde que a crise ocasionou a diminuição do consumo e ocorreu um aumento no estoque da polpa de frutas, que a 4 milhões de quilos, sendo 1.345.950 de goiaba e 695.990 de figo, além de outras frutas com o a uva, pera, pêssego e outras. Mas a expectativa é que para o próximo ano possam ser adquiridos os quilos a mais produzidos no município.
Colonos estão desanimados com o valor pago pelas suas goiabas. (Créditos: Cândido Nascimento)
“Estão pagando um preço injusto neste ano”
O produtor Joseval Schildt, 43 anos, é outro produtor que está bastante insatisfeito, pois já somam quatro anos que resolveu investir em produção de goiaba e a maior preocupação é com as perdas que possam acontecer. Com o alternativa, ele planta cítricos e hortaliças.
“Fomos incentivados a plantar goiaba pelo setor de frutas da Piá, e tivemos incentivo da Prefeitura na época, iniciamos com 50 mudas e atualmente já temos 50 pés, mas o preço está muito baixo, e ainda recusaram a carga alegando que estavam muito maduras, eu perdi mil quilos, e o meu cunhado também perdeu mil quilos de goiaba, e assim não dá, eu estou desanimado”, lamenta o produtor.
Ele chegou a ganhar R$ 0,80 por quilo da goiaba, e a gora recebeu R$ 0,52, então considera uma queda muito alta no preço, já que uma pessoa custa muito caro para ajudar na colheita, fora o custo dos investimentos com irrigação e com os insumos. Se acharem problemas na carga, ele recebe apenas R$ 0,25 o Kg.
O que o sindicato rural fala
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Petrópolis Aloísio Utzig, demonstra uma grande preocupação com o baixo valor pago pela goiaba, e pelo não cumprimento das promessas feitas aos produtores locais.
Utzig afirma que foram feitas exigências Aos colonos para que fizessem tudo direitinho, mas em, vez de proporcionar um crescimento, está gerando um grande desânimo noa produtores de frutas.
O vice-presidente do sindicato acredita que só em São José do Caí e Fazenda Pirajá tem em torno de 30 produtores, e receber menos pela fruta acaba se tornando um problema sério. “Eles foram incentivados a plantar a goiaba, criaram uma estrutura, mas agora tem polpa estocada”, afirma.
Buscar outros compradores é alternativa
Para o produtor Volmar Kich e o sogro também produzem goiabas e figos, e encontraram um comprador de Caxias do Sul como alternativa para escoamento da sua safra, já que a Piá não está comprando a totalidade dos produtos.
“Nós vamos fornecer só 10 % das goiabas para a cooperativa Piá e 20% dos figos, pois encontramos esse comprador, que é uma agroindústria de Caxias do Sul”, explica Kich. Além disso eles tem representantes que vendem o figo para Gramado e Canela.
Volmar e o sogro buscam novos compradores.
Piá atribui preço baixo à crise e supersafra
O vice-presidente da Cooperativa Puiá, Darcísio Braun, comenta que o que está acontecendo é a lei da oferta e da procura. Houve uma supersafra de goiaba e, por consequência o preço caiu em toda a região e a questão é geral para os compradores de frutas.
“Na verdade a produção foi maior do que em outros anos, o que é positivo. No sentido inverso, o consumo caiou pela crise que o país está atravessando, e temos um estoque de 4 milhões de toneladas de frutas, entre estas a goiaba e o figo”, explica Braun.
Outra questão é que atualmente a Piá está fazendo uma classificação mais intensiva das frutas. “A nossa qualidade ficou muito boa, e a matéria prima é depositada em contêiner de 1.100 kg”, afirma ele.
A possibilidade é para o ano que vem a cooperativa consiga adquirir a produção a maior. Uma das alternativas que tem dado resultados é ter um vendedor específico para as schmiers, garante. Sobre os produtos rejeitados, ele afirma que não ficam na cooperativa, são descartados, mas os produtores podem buscar de volta, se optarem por isso.