Polícia
Mais de dois anos enfrentando a dor do luto à espera de justiça em Santa Maria do Herval
Assassino segue solto e família se sente desamparada
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval / Gramado – Dois anos e três meses já se passaram. Enquanto isso a dor da mãe Rosália Maria de Moraes se torna cada vez mais aguda: o assassino do seu filho Jeferson da Silva Pimentel segue impune.
Ele foi morto aos 24 anos na madrugada gélida de 29 de julho de 2021. Foram duas facadas mortais: na lateral do pescoço e outra na parte de baixo do queixo.
O autor, na época com 21 anos, fugiu e entregou-se espontaneamente horas depois com um advogado. Foi indiciado por homicídio doloso por motivo fútil mas, até hoje, não foi preso pelo crime.
“Estamos indignados, abandonados pela justiça”, desabafou a mãe. “Parece que quem faleceu era o culpado de tudo. Já faz mais de 2 anos e nada aconteceu até hoje, nenhuma audiência.”
Jeferson deixou um filho, que no dia 6 de novembro completa quatro anos. “Ele lembra e pede do pai todo dia. Diz que o papai tá no céu.”
FASE INICIAL
De acordo com o Ministério Público de Dois Irmãos o processo está em fase inicial de instrução, com oitivas de testemunhas, e está encaminhado ao juiz para a marcação de audiências.
Em questionamento ao Fórum se há alguma previsão, foi respondido que o processo está sob sigilo.
O que se sabe?
O crime aconteceu na localidade de Alto Padre Eterno, divisa com Serra Grande/Gramado.
Conforme a investigação da Polícia Civil, vítima e indiciado não tinham qualquer discórdia que pudesse motivar o crime. Eram amigos.
O investigado devia R$ 100 para a Jeferson, o que seria referente a uma relação de moto.
E naquela madrugada tinham combinado de quitar a dívida. Nas últimas trocas de mensagens, tudo estava aparentemente bem.
Corpo encontrado a poucos metros da casa da mãe
De acordo com as câmeras de segurança das proximidades, à 00h15 Jeferson foi visto subindo à ERS-373. Ele caminhava tranquilamente iluminando o caminho com o celular.
Sete minutos depois, à 00h22, ele volta correndo. 00h34 um carro vai atrás dele e entra pela rua onde o corpo foi encontrado, em questão de um minuto o veículo retorna. Demora cerca de 10 minutos e dois carros (o primeiro e mais um) voltam para o lugar, desta vez em alta velocidade, e depois saem novamente.
Ao amanhecer daquele dia o corpo de Jeferson foi encontrado, ensanguentado e com golpes de faca no pescoço e bochecha, a poucos metros da casa da mãe em uma estrada sem saída, paralela à ERS. O padrasto o viu primeiro e acionou a polícia.
De acordo com o laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP), Jeferson morreu em decorrência de hemorragia cervical e asfixia por laceração da laringe.
VERSÃO DO INDICIADO
Em depoimento à polícia o acusado disse que se desentenderam e entraram em luta corporal. Em determinado momento Jeferson teria sacado uma faca, que o desarmou, mas que não sabia se o tinha atingido. Cada um teria ido para o seu lado e teria jogado a lâmina no mato.
Disse que não efetuou o pagamento combinado pois Jeferson estava muito alterado. Que eram amigos, sempre bebiam juntos e jogavam conversa fora.
O irmão do indiciado relatou à polícia que ele chegou em casa afirmando que havia brigado com Jeferson, que achava que ele estava machucado. O irmão teria ido atrás, porém, não o achou. Voltou, perguntou novamente e, mais uma vez, teria ido em busca. Desta vez encontrando o corpo no chão.
Disse que chegou a ver Jeferson com um pouco de sangue no rosto e que estava com os olhos abertos. O pai do suspeito teria ficado no carro, sem sair. E o acusado não teria ido junto.
Eles teriam retornado para casa e, somente então, acionado o socorro. Conforme o inquérito, afirmou que primeiro ligaram para os Bombeiros, que teriam orientado chamar o Samu, porém, isso não foi confirmado.
A lâmina em questão, que é de uma faca sem cabo, foi localizada pela Brigada Militar no local onde teria ocorrido a briga.
Família se mudou
A mãe Rosália Maria de Moraes e o padrasto Jeferson Stahler se mudaram do local onde tinham a casa própria, pois a cada dia viam a cena do corpo do filho. Volta e meia encontram o assassino na rua.