Colunistas
Panela de Pressão – 17/05/24
Raul Petry
CALAMIDADE
Quando as notícias davam conta de que mais de 400 municípios gaúchos foram afetados pela tragédia, eu logo pensei, vamos deixar pela metade. Isso era óbvio que não existe. O que existia até então eram as notícias, que não foram fake. Depois se viu que a Defesa Civil fez uma triagem e separou o que era Calamidade Pública e o que era Estado de Emergência. Calamidade Pública é quando as cidades são destruídas tipo Lajeado, Cruzeiro do Sul, Arroio do Meio, Encantado, Muçum. Ivoti decretou com toda a justiça Estado de Emergência na enchente de junho. Não morreu ninguém mas o prejuízo material foi grande. Muitos animais também morreram. As casas do Núcleo estavam 2,6 metros abaixo de água.
SEQUER EMERGÊNCIA
Desta vez Ivoti ficou intacta, uma pequena lâmina de água no Núcleo, nada mais. Jamais caberia Estado de Emergência sequer. A Prefeitura decretou Estado de Calamidade Pública no dia 6 de maio. A coisa ganhou repercussão até nacional depois que Imbé decretou Calamidade Pública, porque muita gente foi para as suas casas na praia fugindo da tragédia por aqui. Diante da repercussão negativa, Imbé revogou o decreto.
EMENDA SAIU PIOR
Metade dos 400 municípios que foram no embalo de ganhar uma grana da Defesa Civil, não tinham porque decretar qualquer coisa. A justificativa de Ivoti não explicou nada. O prefeito disse, entre outras coisas, que esperava mais chuva e estragos aqui. Jogou a culpa para o futuro. E também explicou que não podia ajudar municípios realmente vítimas do desastre se não decretasse Estado de Calamidade, que mais tarde virou Emergência. Imagina-se que um município, no caso Ivoti, que estivesse em Estado de Calamidade, ou Emergência, faz o decreto porque necessita de ajuda. A Prefeitura explicou que foi obrigado a fazer para poder ajudar os outros. Dá pra entender?
GASTOS
Alguém me disse que Ivoti precisava do Decreto de Emergência para poder cobrar, por exemplo, a gasolina que foi gasta para levar a ajuda para São Sebastião do Caí. Que eu saiba ninguém cobrou nada, nem mesmo os populares, para ajudar os municípios da grande Porto Alegre. Tudo saiu do bolso de casa um. O que motivou as pessoas e empresas a destinar ao todo milhões foi o espírito de ajuda aos mais necessitados. Aqui em Ivoti mesmo o CTG Sentinela faz centenas de marmitas e, ao que se saiba, o custo sai das vakinhas e do boldo de quem quer mesmo ajudar. Se a legislação é tão escrota de obrigar algum órgão público a decretar Estado de Emergência, aí é o fim da picada. Ivoti ajudou com água e outras doações municípios vizinhos, e está tudo bem, tinha que fazer mesmo. Será que São Paulo, que enviou helicópteros, policiais especializados, decretou Estado de Emergência para justificar a ajuda?