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Violência contra a mulher: período de quarentena mostram redução nos números de casos
Região – Com a quarentena decretada devido ao coronavírus, a preocupação em relação à violência contra a mulher aumentou. Mais tempo em casa com seus companheiros, pode significar um perigo maior para aquelas que convivem com agressores. Contudo, os dados da Secretaria Estadual de Segurança mostram que houve diminuição nas ocorrências durante a quarentena. Os números mostram casos de ameaças, que lideram as estatísticas, lesão corporal, estupro, feminicídios consumados e tentados.
Dos 11 municípios de cobertura do Diário, sete deles tiveram números menores durante os três meses de isolamento do que os dois meses antes dele, neste ano. Somados, março, abril e maio apresentam 96 casos, contra 121 ocorrências de janeiro e fevereiro. Os dados de junho ainda não estão disponíveis.
De março a maio do ano passado, houveram 159 ocorrências, foram 63 a mais do que no mesmo período deste ano. Já os dois primeiros meses de 2019, registraram 95 casos, enquanto neste ano se registrou 121. Em 2020, os números vêm caindo mês a mês. Foram 62 registros em janeiro, 59 em fevereiro, 48 em março, 26 em abril e 22 em maio nos municípios de cobertura. Uma redução de 20,65% na quarentena.
Impossibilidade de denúncias
Se os números mostram diminuição nos casos, a realidade pode ser outra. Em Nova Petrópolis, a vereadora Kátia Zummach é engajada em questões de proteção à mulher. Para ela, os poucos registros podem significar que, com homens e mulheres em casa, elas podem ter mais dificuldades de fazer a denúncia. “Eu acredito que neste momento é muito mais complicado para as mulheres, porque quem sofre violência está em muito mais contato com o agressor. Ao meu ver, elas não estão denunciando”, disse.
O confinamento em casa pode dificultar as denúncias
O delegado Camilo Pereira Cardoso acredita que uma das principais característica entre os agressores é o consumo de bebidas alcoólicas. E como, neste momento, há restrições para a venda e consumo, os homens que praticam esses crimes estejam mais “calmos”. Em todo o Rio Grande do Sul, o mês de maio apresentou uma redução de 45,5% nos casos de feminicídio em relação a maio de 2019. Foram seis esse ano e 11 no ano passado.
Municípios com mais casos
Na região, Estância Velha é o município com o maior número de ocorrências, com 89 casos, sendo 41 durante a pandemia e 48 antes. Em seguida, aparece Dois Irmãos, com 46 registros, 19 durante e 27 antes. Nova Petrópolis aparece em terceiro lugar, com 17 casos durante a quarentena e 10 antes.
É também em Nova Petrópolis o caso mais grave, o feminicídio contra Rosane Marlise Birk Groth, ocorrido em janeiro. Em abril, houve uma tentativa de feminicídio, assim como, em maio, uma tentativa em Dois Irmãos. Estância Velha foi também o lugar onde mais estupros foram registrados, um em março e três em abril.
Menores
Presidente Lucena apresenta um único registro, uma ameaça em março. Linha Nova não apresenta casos durante a pandemia, somente uma ameaça em janeiro e uma em fevereiro, e uma lesão corporal, também em janeiro. São José do Hortêncio registrou dois casos na pandemia, e quatro antes.
Formas de denunciar
Para denunciar casos de violência contra a mulher, uma das formas é denunciar ligando para o 180. O número é específico para isso e funciona 24h por dia. Mas nem todas conseguem fazer desta forma, por isso, recentemente campanhas foram lançadas para denúncias de forma silenciosa. Pedir uma máscara roxa ou fazer um X vermelho na palma da mão e mostrar em farmácias são alternativas para denunciar agressores.
Municípios que apresentaram queda
Municípios que apresentaram alta
Ocorrências
Total
*Linhas verdes correspondem ao período de quarentena