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Reportagem Especial: Picada Café tem o melhor PIB per capita da região

06/12/2019 - 10h15min

Atualizada em 06/12/2019 - 14h29min

Região – Se formassem um país, os onze municípios de cobertura do Diário teriam, juntos, um Produto Interno Bruto (PIB) por habitante pouco acima do México, nação latino-americana considerada de médio desenvolvimento. A região da Encosta da Serra está também acima dos índices gaúcho e brasileiro.

O PIB por habitante é um importante meio para medir a riqueza de municípios, estados e países, considerando a soma de todos os produtos e serviços divididos entre o número de habitantes. Quanto maior esta relação, mais desenvolvimento e qualidade de vida. A região acumulou R$ 39.589 de média, ou US$ 9.501 no ano de 2016, o dado mais recente disponível.

Enquanto isso, o RS tinha R$ 33.960, e o Brasil, R$ 29.326. Por município, a liderança em 2016 estava com Picada Café. Não há dados mais recentes disponíveis, e o levantamento foi feito com base em informações do IBGE. Neste índice, Picada Café tinha R$ 59.355, e poderia, se fosse uma nação, figurar entre as 50 mais ricas do planeta, pouco abaixo do Uruguai.

Queda por um lado, melhora de outro

O município está no centro de uma contradição. Na semana passada, o Diário mostrou que Picada Café teve tombo de 42% no retorno da arrecadação do ICMS em dez anos, a maior queda relativa entre os onze em que o jornal circula. Assim, foi o município da Encosta da Serra onde a economia mais encolheu neste período.

A explicação deste encolhimento se dá pela pouca diversificação econômica, baseada no calçado, que sofreu muito com os efeitos da crise. Ouvidos pela reportagem na ocasião, empresários de Picada Café se queixaram na diminuição da atividade produtiva, e a necessidade de realizar negócios com empresas de outros locais.

Porém, o PIB por habitante está relacionado com a produção econômica em si, mas também com a igualdade social. Em 2010, Picada Café foi o 9º município do Brasil com menos desigualdade entre os moradores mais ricos e mais pobres, conforme o índice de Gini. Mas qual a explicação do bom resultado desta vez?

“Nossa população está empregada, com salários para gastar no comércio e fazer seus investimentos pessoais. Nossos índices de desemprego são baixíssimos”, argumenta a secretária da Fazenda, Rúbia Michaelsen. Segundo ela, o município sofreu com a perda de empregos, mas, segundo ela, as empresas locais, quando realizam cortes, o fazem primeiramente em funcionários de outras cidades.

Em Picada Café, índice foi o melhor registrado na região em 2016 (Créd. Felipe Faleiro)

Morro Reuter tem a pior renda entre os municípios

A lanterna do ranking do PIB por habitante está com Morro Reuter. O município tinha, em 2016, R$ 26,5 mil neste índice, ou US$ 6,2 mil. Ainda assim, pouco acima dos índices de Colômbia e Equador. No Morro, as indústrias de transformação e beneficiamento correspondem a metade da arrecadação do ICMS.

A secretária da Fazenda de Morro Reuter, Marlene Holz, informou que estava analisando o assunto antes de emitir uma opinião sobre os eventuais motivos que levaram à queda. De acordo com ela, no ano de 2016, utilizado como base de cálculo para o levantamento, havia outra Administração no município.

Em Morro Reuter, por exemplo, a indústria em si corresponde a 30% do chamado Valor Adicionado (VA) do município, parcela relativamente pequena, comparada à de Picada Café (56,7%). A Administração Pública representa mais, 19,7% no Morro e 10,7% em Picada Café. A Agropecuária, 16,7% no Morro e apenas 2,6% em Picada Café.

Há vinte anos, a diferença entre o PIB anual cafeense já era quase o dobro de Morro Reuter. Dez anos mais tarde, o índice de Picada Café já era mais de 2,5 vezes superior ao Morro. Em 2016, a diferença diminuiu, mas a Cidade dos Lírios ainda registrava 2,3 vezes mais PIB per capita do que o município vizinho. Os dados são do DataSebrae.

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